sexta-feira, 15 de maio de 2015
terça-feira, 17 de junho de 2008
Lançamento do livro Pele de Cristal
O Pele será lançado oficialmente em Fortaleza, dia 15 de julho.
Provavelmente no Paço Municipal, por volta das 17 horas...
É um belo projeto que começa agora uma nova caminhada...
Pretendo lançá-lo também em Salvador e quem sabe em Sampa...
Pele de Cristal poderá ser comprado diretamente de mim, mas em breve, também poderá ser encontrado também em livrarias pela Internet. Qualquer informação, entrem em contato por email...
helena.damasceno@gmail.com
Aguardem mais detalhes...
Contagem regressiva...
10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3... quase lá.
Beijos!
Namastê!
sábado, 12 de maio de 2007
A tua vida!
sábado, 23 de dezembro de 2006
Sempre pensei no Natal como uma data triste e fria, não me era agradável já que via a família em que nasci deslizar no picadeiro da hipocrisia e da superficialidade.
Estávamos sempre todos juntos, em todos os natais, unidos por uma farta mesa, uma ceia abastada, mas seca de amor, de solidariedade simples como uma nota dó, ou o acorde maior do sol que aquece a alma e o coração.
Queria muito mais que uma mesa farta e o peru recheado, mais que o receber dos presentes do amigo secreto sempre presente nas festividades natalinas lá da casa de mamãe.
Pra mim, Natal era sempre de uma tristeza infinita, de um colapso na minha vida, e nos meus sonhos sempre frustrados, nos meus pesadelos constantes e sem fim.
Na minha vida havia um homem nada oculto que me vigiava os passos e me cerceava a liberdade e a felicidade. Nenhuma festa, nenhum arco íris colorido, nada de paz e sossego.
Não tinha motivos para gostar ou sorrir o ano todo, quiçá no Natal, nessa comemoração sufocada pela moeda capital, e pela carência de humanidade, beneficência e desapego quase que generalizado.
Pra minha sorte, sempre acreditei que tudo podia ser bem diferente, e isso me manteve viva até hoje. Meus sonhos sempre me foram uma constante em velocidade atemporal, porém tão viscerais que me mantiveram acesa à chama da igualdade humana, da manjedoura de luz e amor maior.
Natal pra mim significa isso: a manifestação de um amor maior, da energia de um nascimento, sempre de coisas boas, de energias luminosas, redundantes e lúdicas a abençoar todo o planeta, todos os povos, independente de raça, credo, cor, orientação política, sexual, ou proposta de fé.
Somos iguais...
Viemos do mesmo ponto de origem, da mesma matéria de carbono 14, do mesmo Criador, da mesma fonte de delicadeza e genialidade ímpar!
Porque tanta descrença, tanta infelicidade, tanta indelicadeza com nossos iguais que dormem nas ruas, ao acaso, ao relento, entregues à vida alheia de nosso nariz?
Pra que tanto desamor, tanto apego à matéria que se acaba, que se esvai enquanto a vida caminha solenemente, sofreguidamente ao meio dia de um manhã quente, na fome de uma criança que pede uma moeda nos sinais, ou no trânsito dos transeuntes que seguem à pressa do cotidiano, sem perceber o que lhe é igual?
Nada nos separa, nem o fio metal que desprende em sua origem e necessidade, apenas a tranqüilidade dos dias, sem maiores pesares ou temores.
As coisas da matéria se diluem no ar, no tempo das coisas.
Mas sempre acreditei na beleza do ser que vive a experiência humana, apesar de todos os dissabores e intempéries.
O ser humano é irresistível, é uma estrela de cinco pontas que resplandece todos os dias a centelha divina que nos aquece a alma quando da emoção de um por do sol silencioso e divino, ou da emoção que fala mais sozinha e em silêncio, que com a voz da garganta que quase nada expressa da natureza das coisas de estar vivo.
Fui numa agência dos correios hoje, até havia uma intenção discreta de adotar uma carta, assumir um compromisso solidário, mas me perdi diante de uma árvore repleta de cartas. Pedidos muitos que se prendiam às expectativas de sonhos...
Uma carta me adotou...
Cláudia, uma guerreira com 6 filhos, pedia o mais inusitado das receitas de felicidade natalinas. Cláudia pedia alimento para seus filhos e tão delicadamente, me apaixonava a alma na sua história, na sua coragem e grandeza.
Cláudia é bem maior que os natais em família que estão na minha memória, é bem maior que as dificuldades que assistem seu cotidiano, Cláudia é bem maior que sua própria mão, que me adotou a alma através da letra e das palavras talhadas na sua lida, ali descritas, num papel amassado de dor, emudecido pelo choro dos 6 filhos que lhe pedem pão.
Saí a comprar o tal alimento, mas Cláudia me havia alimentado mais... Mais que a felicidade da aquisição do que básico pra mim, lhe faltava à mesa.
Cláudia me encheu o natal de luz, de felicidade...
Ela me arrebatou o coração e bem mais que uma Mamãe Noel de ocasião, Cláudia ganhou uma prece para todo o ano. Na terça feira estarei na casa dela, para quem sabe, ajudar em algo além do alimento material, algo além da certeza da comida na mesa de sua casa, num dos bairros mais pobres de Fortaleza.
Nesse Natal, vou fazer uma prece silenciosa por Cláudia e agradecer a Deus todas as oportunidades da minha experiência humana, dessa fantástica viagem que é a vida!
Meu Natal ganhou significado hoje, às vésperas da comemoração oficial...
Deus me presenteou com a alegria de ver a esperança nascer apesar de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, de toda a dor...
Deus me fez recordar dos meus natais frios, superficiais...
E me fez tocar profundamente a alegria da solidariedade, a humildade da igualdade humana, na delícia do sorriso de Cláudia ao receber seu presente das mãos de Papai Noel.
Obrigada Senhor pelo ano maravilhoso, ano de redenção e refazimento...
Obrigada Pai, Senhor da centelha de minha existência, obrigada por eu estar aqui...
Obrigada Deus pelo Natal de Cláudia, e pelo meu Natal.
Feliz Natal, feliz todos os dias...
segunda-feira, 30 de outubro de 2006
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
sábado, 16 de setembro de 2006
Mais palavras
Vim dizer que estou bem e que continuo caminhando de pé, com a mesma deteminação, apesar da poeira que ainda está dentro do meu quarto, mas que continuo a limpar e reorganziar, redimensionar.
Desejo a todas e todos muita paz, e continuo apontando o caminho do amor e do auto perdão, do conhecimento de si e da importância terapia, da fala para fundamentar, enquanto catarse mais que necessária ao refazimento de nossa história, um caminho de amor que nos alivia e alimenta a luz de libertação, reconstrução e cura.
Paz e Bem...
Namastê!
sexta-feira, 14 de julho de 2006
Vida de Caixinha
“Experiência não é aquilo que acontece a um homem.
É o que um homem faz com o que lhe acontece.”
Acreditando na nossa capacidade de ser mais, na nossa capacidade de viver a experiência humana em sua plenitude, é que chegaremos a perceber as belezas de nosso espaço interior.
Poderemos ver que no nosso quarto pessoal, além da dor e das conseqüências dela, há as ferramentas de beleza, de resiliência e força, de coragem, de auto amor e auto perdão.
Nesse quarto pessoal estamos nós em essência de espelho e humanidade e estamos sim aptas à vivência do caminho luminoso de reconstrução, libertação e cura!
(...)
Começamos a construir dentro de nós, dentro da nossa cabeça a partir das construções mentais e idéias pensamento, a realidade que queremos partilhar e conviver.
Felicidade está no intercâmbio seu com seus espaços de convivência e de conveniência, está no ínterim de seus subterfúgios quanto ao enfretamento da caixa de sua Pandora, ou da fuga dela.
Cabe somente a ti seguir abrigando todo o dolo e ônus (que não temos de modo algum) da responsabilidade do abuso sexual ou largar a terceira perna de medo e insegurança seguindo a estrada da reconstrução interior, libertação e cura.
Temos a capacidade criativa de construir o queremos ser, viver e sentir, fazer ou desfazer, amar ou destruir. E fazemos isso conosco...
Ao longo da caminhada desenvolvemos uma série de transtornos na tentativa de afogar a dor nas máscaras da fuga, do esquecimento empoeirado do quarto de dor...
Fobias, compulsões alimentares, distúrbios do sono, pânico, borderline, bulimia, anorexia, psicopatologias de várias ordens e graus, sintomas físicos reais e constantes, somatizações do imenso fardo carregado.
O fato é que, consumidas pela culpa, vivemos o holocausto da dor absurda e violenta a cada instante e torturamo-nos com lâminas, tesouras, com as mãos, em paredes e portas, escadas, na alimentação desmedida, na exposição às situações de perigo, em relações patológicas, numa vitimização permanentemente aberta e compulsiva em todos os espaços de sociabilidade.
Ano passado, em meados de dezembro, após uma seção de terapia, me machuquei forte e violentamente.
Machuquei meu corpo atirando-o contra as paredes, despejando minhas mãos com intensa ira na pele condoída, repetindo comandos lesivos e auto punitivos, chorando muito, gritando comigo mesma até ensurdecer a dor, procurando única e simplesmente uma saída, o alívio para essa carga pesada do abuso sexual.
Tinha tanta vergonha de mim que não consegui me ver no espelho, nem falar com ninguém, nem me perdoar, nem nada!
Mas há uma diferença sutil entre dar uma mão e acorrentar uma alma...
Minha alma estava acorrentada no lodo da culpa e do medo, na insegurança absoluta e na incredulidade em mim mesma.
Tive uma ressaca moral de tamanha magnitude que mal consegui olhar-me no espelho... até porque se olhasse veria as feridas físicas que já estavam dispostas a quem quer que fosse.
(...)
O exercício da fala é um sujeito de importância peculiar e único nesse processo de enfretamento, de visita ao seu quarto de dor para que a faxina se processe no seu tempo, na sua velocidade rítmica.
(...)
Enfrentar a dor e as conseqüências da violência sexual é laboratório de cotidiano e luz, de materialização da vida que pulsa ávida dentro de ti...
És forte, doce, corajosa, sensível, és bela, linda, solta, és livre em essência primeira...
Ascenda a luz...
quinta-feira, 13 de julho de 2006
Pele de Cristal
Nada me difere de ti...
Apenas a geografia estática e inalterada salvo pela ação da mão do ser humano, que mesmo sem alterar a distância, muda a paisagem a seu favor...
Mude sua paisagem...
Muito a comemorar nesse dia...
Estou sim feliz, sem nenhum vácuo de sombra, sem nenhum sentimento carregado de medo, de apatia, nenhuma carga densa a me espreitar os novos caminhos.
Estou feliz comigo mesma, sinto-me bem e inteira ao olhar para mim nessa jornada de reconstrução, libertação e cura.
Nesse enfrentamento com o holocausto da dor, com as conseqüências do abuso sofrido, vi muitas coisas dolorosas no caminho, muita poeira batida, já fazendo parte dos passos dados, , tinha vergonha de mim e do meu corpo, da minha voz, da minha vida, vivia submersa em muitas mágoas e assuntos inacabados, muito rancor e raiva, muita raiva, principalmente de mim, haviam muitas cobranças e muita culpa.
Tinha receio de enfrentar a verdade e ter vergonha de mim, de uma menina fraca que não soube lutar, que não soube o que fazer com a própria vida.
Quando comecei essa jornada não sabia o que ia encontrar, mas fazia um falso e pesado juízo de valor de mim, carregava o peso e a responsabilidade do que ma havia acontecido na infância e adolescência...
Mas eu sabia que seria assim, que no início teria medo de não conseguir, de não superar as dificuldades, mas mesmo assim, decidi enfrentar esse novo caminho que se abria à minha frente com garra, como se fosse a única saída... Segui cabeça e peito abertos, mente e corpo abertos às novas perspectivas de viver.
E deu certo...
De pronto, avistei uma mulher gigante, sempre agarrada à vida, apesar das tamanhas adversidades, das auto-sabotagens e dos inúmeros medos, do meu confuso modo de me manter viva.
Afastava o que era bom porque tinha medo de vivê-lo, além de acreditar que não o merecia e que de já estar habituada a viver naquele carrossel interminável e violento de torpor.
Hoje olho para trás com poucos resquícios de vergonha e medo... o que vivi já foi, pertence ao ontem, e não poderei jamais alterar o que está na tela.
Mas posso fazer muitas coisas a partir dessa fato específico, dessa tela pintada pela mão invasiva da violência sexual intrafamiliar. Posso a moldura, ou quem sabe mudar o quadro de lugar, ou até mesmo ver outras efígies dele, que antes não percebia, ou quem diria, posso pintar um novo quadro... posso, eu posso!
Quão significativo esse verbo, essa ação direta de intervenção oportuna e minha: eu posso!
Percebi que posso mudar minhas idéias e que posso transpor os fantasmas que habitavam meu cemitério particular, cultivado todos os dias por uma culpa e pela vergonha que nunca foram minhas.
Via a dor como única fonte onde buscar rotina, onde buscar atitudes, comportamentos, reações, padrões...
Seguia como num ditado rítmico, a acompanhar a cadência da dor e da auto piedade como única forma de levar e experimentar a vida...
Cansei de me esconder, de driblar minhas digitais fortes e doces, cansei de me punir por um crime que nunca cometi e que não me dispus à cumplicidade em nenhum momento, sob qualquer hipótese.
Pele de cristal é a alegoria de uma mulher que saiu da caverna da dor e do medo absoluto de cara aberta, corajosamente, é a alegoria da caverna dessa mulher que percebeu enfim que podia ser livre, ser leve, que a justiça primeira deveria estar dentro de si a libertar-lhe os passos...
A violência do abuso sexual me invadiu e me coordenou os passos e a vida por longos anos... Não mais!
Estou viva, sou dona de minhas idéias, de mim mesma e da minha vida, de como quero vivê-la, de o que fazer para ser o que eu quiser ser, leve, feliz, um ser mais essencialmente humano nessa experiência de viver...
O que eu quero ser está dentro de mim!
Dei poder a muitas mentiras que ganharam força e tornaram-se verdade, uma verdade de papel e ilusão que me tirou a saúde física, emocional, mental e espiritual muitos anos.
Lutei por mim mesma...
Tenho me percebido uma mulher gigante nessa caminhada de redescobrimento e refazimento do meu quarto pessoal, onde nesse caminho de amor e auto perdão, prefiro retirar a poeira da dor e deixar que as cicatrizes permanentes me acarinhem e me balzamizem o fôlego e os passos.
Muito a comemorar...
Meu 1º ciclo de libertação, meus primeiros passos dados como Helena verdadeiramente, não como Lelezinha machucada, ferida e tomada pelo absurdo da dor imbatível e excludente...
Me excluí do prazer de viver a leveza da vida, de curtir a delícia de ser humana, de ser quem sou.
Mas lutei por mim e comemoro hoje o sorriso verdadeiro e largo na face emocionada.
Venci meus primeiros fantasmas, venci a mim mesma nesse primeiro round de viver!
Tenho muito orgulho de mim, não me envergonho de ter sofrido violência sexual, não tenho mais aquele medo injustificado, meus pés estão tranqüilos no chão, caminhando sem pressa, com alívio pela leveza que retirou o peso e a vergonha das costas ressabiadas.
Foi sim uma experiência muito ruim...
Mas tenho percebido que tudo é experiência e que o que te faz caminhar é o que movimento que você faz com essas experiências, é como você as vê, como reage a elas e partilha o efeito dessas experiências nos seus espaços de convivência.
Orgulhe-se de si mesma, não se envergonhe pela história dolorosa que trazes consigo...
“Experiência não é aquilo que acontece a um homem.
É o que um homem faz com o que lhe acontece.”
Acreditando na nossa capacidade de ser mais, na nossa capacidade de viver a experiência humana em sua plenitude, é que chegaremos a perceber as belezas de nosso espaço interior.
Poderemos ver que no nosso quarto pessoal, além da dor e das conseqüências dela, há as ferramentas de beleza, de resiliência e força, de coragem, de auto amor e auto perdão.
Nesse quarto pessoal estamos nós em essência de espelho e humanidade e estamos sim aptas à vivência do caminho luminoso de reconstrução, libertação e cura!
E que venham as borboletas...
Feliz dia de Helena...